sábado, 13 de novembro de 2010

Lágrimas são como poesia

Deito a cabeça sobre o braço. Assisto a cada lágrima que escorre até a ponta dos dedos tocar o chão. Parece desenhar tristeza, traduzir todo o peso do mundo, uma gota por vez em curso irregular. Lágrimas são como poesia, verso por vez, palavras, estrofes, silêncio.
Pela noite, ele diz que sou a mais bela e que não há porque chorar. Que sou bondosa e não há porque chorar. Que sou feliz e não há porque chorar. Que sou diferente e não há porque chorar.
Ele diz tudo que preciso ouvir pra esquecer. Ele me faz sorrir das coisas mais bobas, e me mostra tanta alegria, como se o segredo da vida estivesse nas coisas minúsculas e sem importância, assim ele me diz em suas palavras apaixonadas, formando um quebra-cabeça não muito difícil de montar. Posso saber um pouco sobre sua vida, sua maneira de ser, seus verdadeiros sentimentos, as reflexões sobre seus assuntos prediletos, até mesmo coisas que ele não pretendia revelar. Um diário de imaginação, uma fábrica de sonhos perdidos.
Lágrimas são como poesia. A sua, a minha.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

No desconforto

Seus olhos sorriram pra mim. Olhos apressados, fugiam do mundo.
Na dança do destino, ali estávamos frente a frente, à esquerda, à direita, como se fosse ensaiado. Seus olhos sorriram pra mim. Olhos grandes, temerosos do mundo. Seus olhos me confessaram a surpresa, o amor e o desconforto.
No desconforto, seus olhos me viram e me amaram mais uma vez. Os meus, já tão cansados, não sabiam o que fazer. Luzes iluminavam nossos olhos.
Luzes de arco-íris e perfumes e flores. Em meio ao desconforto te amei.