sábado, 30 de maio de 2009

Palavras.

Dias atrás, conversando com um amigo, comentei sobre minha mania de fazer rascunhos de cartas e guardá-los para mim, de transcrever poemas e de anotar palavras ditas por pessoas que conheço.
Palavras são muito importantes. Com elas, fazemos e desfazemos. Elas tem o poder de mudar tudo.
Palavra é o código mais próximo do pensamento, do sentimento. Só não é tão fiel porque existem sentimentos e pensamentos indecifráveis.



Palavras são importantes.



Eu amo palavras. Amo caçá-las, prendê-las a mim.


Nessa mesma conversa, Bambino havia comentado que recebera minha cartinha. Então fui correndo procurar o rascunho dela para lembrar exatamente o que havia escrito. Porque, quando as palavras saem de você, não são mais suas. E guardar os rascunhos é minha maneira de fazê-las serem um pouco minhas ainda.
Enfim, disse a ele outras palavras. Palavras tristes, desabafo. Ele respondeu com "..."
Não poderia existir melhor resposta! As palavras que dei a ele são dele agora, não mais minhas. E quando algo é dado a alguém, não se espera nada em troca. Não quando é dado de coração. As palavras foram dadas a ele pelo simples fato do merecimento. Não necessita devolução. As palavras são dele e ele fará o que quiser com elas agora.

Palavras são minha companhia ultimamente. NUNCA escrevi tanto como estou escrevendo nesse momento.




Dr. Tatiana sempre elogiava meu modo de falar. Dizia que antes de proferir uma palavra, eu analisava cada efeito que ela poderia fazer em milésimos de segundo. No fim, penso que sou mesmo assim. Dizia também que sei me comunicar, mas que não exercito isso. Dizia que eu deveria conversar... Principalmente sobre as coisas que sinto. Acho que esse é o ponto. Não sei falar. Não isso. E, quando falo, me sinto piegas e repetitiva.
Ela faz as mil Rafaelas que existem dentro de mim entrarem em conflito.

Uma Rafaela sabe fingir indiferença, frieza; ela é forte.

A outra é a Rafaela que chora e suplica por um pouco de humanidade. Uma sorri e a outra se esconde. Uma grita e a outra sussurra. Uma é resoluta e a outra se afoga em dúvidas.


A que comanda é a fria, a que finge bem... A passiva, racional e equilibrada.



Eu sou assim. Mas isso
não significa que eu goste disso.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Maria "Tudo Bem"

Pergunte a ela como vai e ela dirá: "Tudo bem". Se o mundo pesar sobre suas costas, ela ainda dirá: "Tudo bem". Se seu coração for esquartejado e tiver seus pedaços espalhados ao chão ela dirá: "Tudo bem".
Ela crê que o "tudo bem" pode fazer tudo ficar bem de verdade. Mas, na verdade, ela não está bem. O mundo pesa demais. Seu coração não aguenta. Ela anda por aí sozinha, balbuciando "tudo bens" e orando para que a chuva pare de cair sobre sua vida porque ela não quer mais esconder suas lágrimas. Ela quer ter o direito de mostrar que não está tudo bem.
Flores no seu jardim morreram. Memórias em sua mente estão mais vivas do que nunca. Fotos em sua parede continuam. O telefone não toca mais, não mais existe a ligação secreta no meio da noite. Não há mais sorrisos. Não há mais contagens regressivas.
Ela tenta esquecer a dor, mas, no rádio, todas as músicas que tocam são de amor.

Pergunte a ela como vai.

Ela vai sorrir e dizer... Tudo bem.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Vinícius de Moraes foi muito sábio ao dizer isso. Amigos não são feitos. Amigos não são conquistas e nem devem ser exibidos como troféus. Amigos são amigos pelo simples fato de serem amigos. E eles surgem sem muita explicação. Na minha opinião, eles sempre existem e estão à espera de nos encontrar.
Posso dizer que não tenho muitos amigos. Mas tenho amigos queridos que valem por mil.
O post de hoje é dedicado a um casal de amigos.
Não sei o que seria da minha convivência na igreja sem eles: Patrícia e Jederson.
Sábado fomos à um casamento e essa foi a melhor foto que eu consegui. Eu até tentei roubar uma no orkut, mas o Jederson não mostra o rosto lá!
Conheci-o primeiro. Na época ele acabara de noivar.
A primeira vez que o vi e ouvi foi num domingo quando deu aula pra mim na igreja. Depois descobri que ele gostava de Dc Talk. Viramos amigos. Ele sempre diz que sou a escritora favorita dele, mas aposto que ele gosta mais do Augusto Cury ou do Caio Fábio que de mim. Enfim, e ele é meu herege cristão favorito. Conversar com ele não vale a pena. O que vale a pena é escutá-lo. E, como ele costuma dizer, as coisas que a gente fala podem ser geniais ou estúpidas. Depende de quem as escuta. Nós dois somos geniais então (prefiro pensar assim). Ele tem um anjo da guarda, e é muito gentil de mandá-lo me visitar às vezes.
Patrícia veio com ele, em fevereiro de 2008. Moça que é serena e dona de uma linda voz. Moça que me me matava de apreensão quando dizia: "Quem vai fazer o solo hoje é você". Moça que me deu um personagem de duas frases numa peça e depois mudou de ideia, me dando o discurso principal.
Casal de Deus em minha vida. Gente linda que vale muito a pena.E, temos uma tamanha conexão, que estamos (estávamos) passando por momentos difíceis simultaneamente. E o que há de mais bonito se não pessoas apoiando-se em suas dores e caminhando com dificuldade, mas juntas?
A vocês, meus amigos queridos... Dedico esse texto de frases pobres. Agradeço pela amizade, pelo carinho. E dedico também a música "Every Little Thing" do Delirious?
http://www.youtube.com/watch?v=_KcmaRCcLeg
Every little thing is gonna be alright...
PS.: Meus textos são e sempre foram meus filhos, Jederson! Tenho um cuidado todo especial por eles. E até empresto para você, mas você tem que devolver depois!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Parei?

O momento é bom. Bacana.

Ando escrevendo muito nos últimos dias. Na madrugada a lua e o frio me acompanham.




Por um segundo pensei em parar. Não de escrever, mas de publicar.
Esses textos, esse blog... É tudo tão EU. Tudo tão desnudo, tão simples, tão óbvio, tão repetitivo, prolixo e às vezes tão piegas.
Mas, se o que eu escrever não for MEU, vai ser de quem? Se eu não escrever sobre o que sinto, quem vai? Se eu não souber o que há dentro de mim como vou tentar entender o outro?
Então... Leiam. E comentem. Ou não. É tudo meu mesmo. No fim, importa para mim. Dói para mim. Faz bem para mim. É meu.
Frida Kahlo julgava suas obras um tanto quanto agressivas e muito pessoais. Mas, o que seria do mundo (principalmente do meu) sem as obras dela?
Então continuarei escrevendo. Por mim. Por Frida. Por meus leitores tímidos e mal resolvidos. Por quem incrivelmente gosta do que escrevo. Para meu alívio e terapia. Para mim.

sábado, 23 de maio de 2009

Untold.

Ganhei um amigo quando o conheci
E também um amante
Ouvia minhas queixas e afogava minhas frustrações
Vagava em meus sonhos nas noites sem brilho
Andava comigo nas ruas errantes do meu pensamento
Não me prometeu céus e luas
Nem mares ou tesouros, porém
Infinitamente mais eu possuí quando estava comigo.

His message was brutal but the delivery was kind
Maybe if I get this down
I'll get it off my mind
It serves to condition me and smoothen my kinks
Despite my frustration for the way that he thinks
And I knew the truth, when it came, would be to that effect
At least you're attracted to me which I did not expect
Didn't think you get my number down and such
But I never hated myself for my age so much

And although my pride's not easily disturbed
You sent me flying when you kicked me to the curb
With you battered jeans and your beastie tee
Now I can't work like this with you next to me
(You sent me flying - Amy Winehouse)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O dia em que meu professor se apaixonou por mim.

Histórias inversas são comuns. É relativamente fácil apaixonar-se por um professor, ainda mais quando ele é seu muso inspirador e diz coisas lindas, ou melhor, faz as coisas que diz serem lindas, mesmo que sejam reações químicas, trigonometria ou genética.
É mais fácil um aluno nutrir profunda admiração por um professor que o inverso. O aluno tem tempo de apreciá-lo em seus detalhes. O professor, não.
Mas sempre temos a ilusão/impressão de que professores são seres superiores, que não têm emoções, não numa sala de aula. Mas eles são tão gente como a gente, e não digo isso como futura professora, digo isso como ex-aluna.
Certa vez um professor apaixonou-se por mim. Eu fazia cursinho e era a mais interessada em aprender. Sentava na primeira cadeira, ao lado da parede. Os outros, espalhados pelo fundo e planejando como seriam suas noites.
Literária como sou, ficava estática durante as aulas de Literatura. Mal piscava e fazia anotações de três páginas em 45 minutos. Era inspirador. O professor era de um tipo misterioso, usava jeans, all star, blusas quadriculadas e sempre trazia consigo muitos papéis. Viajava nas aulas. Quase sempre viajava sozinho, ou não percebia que eu viajava junto. Sempre respondia suas perguntas e, por fim, a aula era um diálogo entre eu e ele.
Certa vez, quando ele falou de Ana Miranda e seu livro Dias & Dias percebeu o brilho que havia em meus olhos, pois esse livro marcou minha vida e eu não tinha ninguém para comentar isso. Que tipo de pessoa leria um livro desses? Arcaico, detalhista ao extremo e romântico?
Então, ele disse que lembrara de mim ao pensar na personagem, porque ela tinha olhos verdes. E eu também. Porque ela nutria um amor por alguém que mal sabia de sua existência. O professor não sabia, mas eu também. E não era por ele. Diferente da personagem, eu já me conformara.
O professor me encontrou ao fim da aula e pediu que eu fizesse uma resenha, para que ele colhesse minhas opiniões sobre o livro, afinal... Era um livro de alma feminina e eu podeira entendê-lo melhor que ele. Com prazer o fiz.
Tão feliz ele ficou que lamentou por não ser meu professor do colégio e não poder me pontuar pela impecável resenha. Ofereceu-me um lanche no intervalo, mas não aceitei.
Os dias passaram e tudo estava normal. Terminamos a análise de Dias & Dias e as aulas seguiram.
Certa vez, quando estávamos assistindo ao filme Germinal no auditório, ele sentou-se ao meu lado. Segurou minha mão e eu tremi. Disse no meu ouvido elogios sobre minha beleza e intelectualidade. Pediu-me em namoro. Naquele momento minha maior vontade era acordar, pois parecia mais um de meus sonhos loucos. Mas não era.
Eu disse que não. Ele perguntou por que. Fiquei em silêncio. Ele perguntou se era porque ele era meu professor. Balancei a cabeça positivamente. Ele disse que pediria demissão então. Eu ri temerosa. Ele perguntou se eu o achava velho demais. Não disse nada.
O filme seguiu. Acabou. Ele disse que não desistiria.
Morri por dentro.
As próximas aulas foram tensas. Ele sempre me procurava na cadeira da frente, onde não estava mais. Procurei sentar no meio e passar desapercebida. Ele sempre caminhava pela sala de aula enquanto falava. Quando me encontrava no meio das cadeiras sempre fazia alguma pergunta sugestiva como: "Você não acha que os personagens deveriam ficar juntos?" "Você não acha a estética romântica muito mais interessante que a realista?"
As aulas começaram a ficar insuportáveis para mim e comecei a não frequentá-las. Ele sempre me encontrava pelos corredores ou na lanchonete dizendo que eu não deveria matar as aulas dele, porque mesmo sabendo o conteúdo eu não era melhor que ninguém.
Mas eu não me sentia melhor que ninguém. Eu me sentia péssima. Envergonhada.
Hoje, o vejo na rua e ele atravessa para o outro lado. Olho em sua direção e ele finge não me conhecer.

sábado, 16 de maio de 2009

O fim é só(?) o começo.

Talvez eu não tenha medido a dimensão do que escrevi no post "O fim é só o começo", afinal, não é uma palavra que caracterize fielmente o que vem a ser um começo.
E esse começo que enxergo agora é grande. É intenso.
Eu quis muito seguir meu coração e o fiz. Não foi como imaginava, mas fiz! Eis que agora tenho o mérito de dizer: "Tentei TUDO o que pude".
É estranhamente bom como sinto uma paz grandiosa dentro de mim hoje. Sinto um começo chegando. Um grande começo.
Quero viver; quero fazer novos amigos, me reaproximar dos velhos; quero começar a faculdade; quero fazer um curso de cerâmica; quero cantar; quero estar perto de quem amo; quero comprar roupas; quero escrever e enviar cartas; quero sair de casa; quero deitar sob uma árvore e entre suas folhas fitar o céu azul; quero me desprender de coisas que não valem a pena.
Porque o fim é um NOVO começo. Porque a vida é um ciclo, como uma música... Basta você escutar a melodia certa no momento certo, repetir as que te fazem sorrir, dançar e pular. Ouvir as que te fazem chorar apenas uma vez, para que você chore, afinal, precisa disso.
Basta você acreditar. Basta você querer. Porque querer já é conseguir a metade.


" There's something in the air,
I need it, I want more of it
A certain dive'll make it but
I don't, I'm loving it " (More of it - Leigh Nash)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ai de mim!

Ai de mim, que meus olhos são verdes como um mar sem ondas
Que minha fala é compassada, prolixa e pouco entendida
Que meus cabelos são inquietos como as palmeiras em dias de ventania
Que meus lábios exprimem qualquer vergonha, qualquer gesto
Mas... Ai de mim! Ai de mim que me perco em mim mesma
Que me afundo em longos dias
Que trago em mim uma alma compassiva, temerosa e estupidamente mulheril
Ai de mim que luto, que sofro
Ai de mim, nesse silêncio
Que compreende um mundo de coisas que não entendo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O fim é só o começo.

Em minha vida já passei por alguns momentos brokenheart que pensei jamais viver novamente. Dessa vez é tudo estranho.
Tenho um grande amigo que sempre dizia que gostaria que eu encontrasse o amor em uma pessoa bacana como ele encontrou, e, no auge se sua euforia emocional ele desejou que eu sentisse o mesmo. Sempre soube que ele era meu melhor amigo, mas nesse momento eu tive absoluta certeza, e apesar de estarmos distantes agora, meu sentimento continua o mesmo.
Gostaria de dizê-lo que pensei ter encontrado essa pessoa, que minhas pernas andavam trêmulas e que queria dar a ela toda a limpeza do céu e das nuvens, que gostaria de dizer a ela todas as palavras mais bonitas de meu saber. Mas não houve tempo. Porque acabou. Escorregou das minha mãos. Fugiu do meu controle.
Ontem foi o adeus. Com conversa, compreensivo. Eu não disse nada, pois não havia nada para dizer. Gosto de ir até o fim em tudo que faço. Se o filme parece ruim, assisto até o fim para ter certeza; se o corte de cabelo é ruim, espero crescer; se penso não conseguir algo, vou até o fim para ter certeza se não vou mesmo.
Foi assim. Fui até o fim para ouvir tudo o que havia para me dizer. Esperava mesmo um adeus. Um fim. Mas mesmo assim dói.
E, depois de tudo dito, acontecido e acabado; encontrei uma amiga que me lembrou o quanto sou bonita, interessante e encantadora; e que deveria seguir em frente porque haviam muitos peixes no mar. Eis meu golpe de misericórdia. Sou tudo isso mesmo? Então por que não fui capaz de fazer nada para resolver isso? Para tomar as rédeas da minha vida e tentar consertar as coisas?
Nesse mar de peixes, sou uma água viva.
No fundo, estou conformada porque sempre foi assim. Rápido, eufórico, intenso e no fim sobram lembranças. Estou procurando me agarrar às boas.
O mais estranho é que ainda não fui capaz de chorar. E isso sim me mata aos poucos. Ainda está tudo dentro de mim. Um rio de lágrimas.


" Five story fire as you came, love is a losing game.
Why do I wish I never played?
Oh, what a mess we made?
And now te final frame... Love is a losing game." (Love is a losing game - Amy Winehouse)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ultimamente.

Ultimamente tenho uma doce esperança. Que vem e vai, que me arrasta, me puxa, me levanta, que me beija os lábios, que me eleva ao céu e me traz abruptamente de volta à Terra. E eu não sei até quando isso me fará bem, mas no momento me dá paz e arranca de mim os mais profundos e sinceros suspiros.
Ultimamente a espera me corrói... E essa? Essa é amarga. Cerca-me de pensamentos e sentimentos nunca compreendidos. É chuva na alma, tormento nos sonhos... Dias que são eternidades e noites sem dormir a admirar o clarão tão belo da lua.
Ultimamente minha alma mulheril padece por ser tão diferente, tão pacata e tão dentro de si que enxerga o além de minha existência. E, no fim, posso entender que as coisas que penso não são tão asneiras.
Ultimamente tenho caminhado a passos curtos para um lugar que desconheço, que tenho medo.