sábado, 23 de fevereiro de 2008

A carta.

Olá, tudo bem?
Há quanto tempo não te vejo... Sinto falta daquele olhar sutil de menino engraçado. Escrevo essa carta para fazer a coisa mais idiota da minha vida, talvez eu nem devesse, mas vou fazer. Sabe, no dia que te conheci era uma quarta-feira, noite amena e abafada, você só sorriu pra mim.
Esse sorriso me despertou tudo que conhecia sobre beleza e encanto. Aos poucos você aparecia com mais freqüencia e mudava meus dias comuns... O suficiente pra me despertar a mémoria mil vezes. Era o ouvinte mais atencioso ao qual dedicava horas olhando fotos e conversando tímidamente. Cada foto, decorando cada traço, imaginando estar lá.
A última vez que te vi, não agüentei, te abracei tão forte! Acho até que pôde sentir como meu coração batia acelerado naquela noite, fiquei com muita vergonha e comecei a falar sobre o tempo, lembra?
Desde então, venho pensando em como dizer (ou não) isso tudo. Meus dias têm se passado com um inefável suspense, a olhar pro céu pensando que tu vês o mesmo que eu, e que as estrelas são brilhantes como as do meu, e que a música que você me ensinou a gostar continua no repeat do meu iPod, e que sonho com você quase todos os dias, você não diz nada nos sonhos, só sorri. Ando lendo livros que me fazem rir tanto! Uma risada gostosa, saudosa, uma saudade de coisas que jamais vivi.
Talvez você nem saiba de tudo que eu sei sobre você, mas eu sei muito, embora quisesse saber mais e mais, fazer parte desse mistério todo que te envolve.
Hoje, noite nublada, frio e solidão. Escrevo pra te dizer que venho buscando desculpas pra que eu combine contigo e você comigo, criando mil situações pra que nos encaixemos, pensando dias e dias o que te dizer.
O que existe é um sentimento que não é amor, mas é tão intenso quanto o amor, que faz meu corpo tremular, viver para o horizonte, uma rosa jogada ao mar!
Eu espero logo te ver, e que a coragem me tome pra que minhas palavras momentâneas saiam da minha boca em direção aos teus ouvidos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Voltando Tudo.

Quando fui à biblioteca pegar um livro de Marx e Engels, vi na prateleira escondido um livro que um dia já roubou muito de mim, já me levou pra um lugar que jamais conheci, mas sinto que já estive lá, me fez provar de um sentimento que não era o amor, mas era tão profundo quanto o amor... Me fez lembrar dos meus dias de menina provinciana que gastava suas noites e madrugadas adentro paralisada por tão profunda e linda leitura, Dias e Dias, de Ana Miranda. Todo mundo está enjoado de me ver falando desse livro aqui, mas é a minha vida escrita de uma maneira menos minha.
Sempre gostei muito de Gonçalves Dias, em sarais só declamava poemas dele, eram e são os mais profundos e repletos de sentimento que já vi. Então viajo longe e faço dos olhos de Feliciana os meus, admirando tal poeta que um dia foi um menino dos sapatos apertados e calças enferrujadas, e me vejo, meus olhos verdes, minha paixão como a de Feliciana, anos se passam, pensamentos infindáveis, sonhos...
Agora eu bebo cada palavra, e me lembro de como eram meus dias quando li pela primeira vez, isso foi antes de desistir de amar, mas ainda nem sei se vale a pena desistir ou não.
Não amei muitos na minha vida, acho que nunca cheguei a AMAR, dar a vida... Mas tudo no papel é lindo, até as leis são lindas de se ler.

A poesia é para gente que gosta de errar pelos vales e campos, pelas ruas sujas, pelos becos sem saída, gente que chora a vida que se escoa lenta, longa e em vão, que ama a triste noite e suas negras asas, a poesia não é a tradução das estrelas, nem da brisa na palmeira, nem do murmúrio das florestas, a poesia é dor, sofrimento, espinho da vida a se entranhar no coração do poeta, poeta é aquele que sofre sem motivo, aquele que tem a inocência de determinarpara sua própria vida sacrifícios de que ninguém toma conhecimento e a ninguém interessa.
Pág 46 (A poesia, o poeta)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O Massacre das Loucuras de Marrie Aine

Era um dia de domingo, quando Marrie e sua bicicleta passeavam sentindo o cheiro das árvores em sua pequena cidade.
Quando viu a barraquinha de morangos parou e foi comprá-los. A vendedora; de traços sutis, cabelo loiro um pouco enroladinho, olhos verdes e um sorriso indefinível; a atendeu com um sorriso e naquele momento um papo se instalou. Ela falava de como seu noivo era perfeito, de como eles iam jogar as mochilas nas costas e sair por aí até encontrar uma praia deserta pra se casarem, vivendo felizes para sempre e blá blá blá... Marrie não pôde deixar de reparar que o que a moça chamava de aliança era um fio dental verde florescente, devia ter gosto de menta. Tá certo, o que importa é a intenção, né? E, mesmo com uma banquinha de morangos, eram hippies, hippies modernos, com apego material. Ela não pôde parar de olhar, pois nunca tinha visto um fio dental tão chamativo, além de ser sua cor favorita.
Tudo que a moça dos morangos dizia soava para Marrie como a professora do Charlie Brown... "bobobobobooowboow". Marrie estava paralisada. Uma mocinha tão nova, com tantos planos malucos que provavelmente NUNCA iriam se realizar... Porém parecia feliz.
Então a mocinha dos morangos perguntou num tom meio espantado: "Você não vai casar?"
Como assim? Querendo se intrometer na vida de Marrie ? Nem os pais dela diziam isso, pois eles congelaram o tempo no dia em que ela falou "mamá" pela primeira vez.
Nesse momento um eco soou dentro da cabeça de Marrie, e, junto com o eco um agradável filme do dia em que ela caiu de bicicleta e Brando chegou perto dela... Dava até pra sentir o perfume., ela voltou naquele momento onde, talvez, ela fosse uma pessoa desejada, gostada... engraçada... Sei lá! O que importa é que ela viajou, e, nessa viagem não dava pra explicar o que ela sentiu, ela só sabia que ele havia chegado perto dela e aquele foi o momento maior de tudo que havia acontecido em sua vida.
Logo em seguida, a moça dos morangos começou o questionário: "Mas você não tem namorado?"
"Quantos anos você tem?"
Marrie só disse: "Talvez eu tenha vivido a metade das aventuras que você planeja, mas não tenho um noivo,nem namorado, nem xereguedê e muito menos uma aliança de menta."
A moça ficou espantada.
Marrie perguntou: "Onde comprou? É pra eu tirar as sementinhas do dente, e o cheiro é agradável!"


Pelo menos Marrie tinha um fio dental verde florescente com cheirinho de menta agora :D
Aquilo bastava, a fazia lembrar de tudo. Ela já sabia em seu coração que não poderia dividir seu fio dental com Brando, mas estava feliz assim.


[não sei se continua]
Vocês estão se apegando a Marrie (Y)